quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Primeira avaliação pós cirurgia, em Araras-SP

Depois de assistir Deja Vu, assisti Sob Medida, um desenho, até que já estava inquieta de novo. Levantei e fiquei um pouco na internet. Era quase 4 e meia da manhã.

Tentei me manter calma, voltei para o quarto e consegui dormir até às 6:30hs, quando levantamos para ir à Araras, na primeira consulta pós cirurgia, com o Dr. Claudio.
Eu e minha mãe saímos de casa já quase 8hs, com o humor nas alturas.
Antes de chegar na rodoviária, faltando menos de 10 minutos para a partida do ônibus, pedi a ela o RG para que eu pudesse sair correndo do metro para comprar as nossas passagens e encontrá-la depois para corrermos até a plataforma. Se perdermos o ônibus das 9:10hs, o próximo sairia apenas às 11hs. Para nossa surpresa, minha mãe tinha esquecido o RG em casa. Peguei o cartão do idoso dela, que tem foto e o número do RG e consegui comprar a passagem. Saí tão correndo, tão desesperada para não perder o ônibus nem olhei para trás, penseri que ela estava me seguindo. Fui conversar com o motorista, explicando a falta de documento, apelei e disse que tinha uma cirurgia marcada em Araras, etc etc etc...enfim, o fiscal liberou. Mas, cade a minha mãe?

 Já tinha dado o horário do ônibus sair, o motorista me olhando e eu ligando pra minha mãe. Coitada! Eu saí correndo, ela não conseguiu me acompanhar, passou da plataforma onde eu estava, até que fomos conversando por telefone até ela me ver.

Embarcamos com um pouco de atraso, mas deu tudo certo!

A viagem dura um pouco mais do que 2 horas e eu não consegui dormir nem 1 hora. Chegamos bem, fomos almoçar no Paladar, um restaurante muito gostoso que tem na cidade e eu consegui encontrar boas comidinhas.

Peguei feijão, batata cozida com molho de tomate, creme de milho e suffle de cenoura. Amassei tudo e consegui comer com uma colher. Foi a primera vez que comi fora de casa.

Eu tinha levado o shake (suplemento alimentar em pó) e pedi à moça do restaurante para bater com 1 copo de leite. Ela voltou curiosa para saber o que era, disse que o pessoal da cozinha gostou do cheiro.

É estranho ver todo mundo te olhando. Estou bem inchada ainda e isso chama atenção na rua, por mais que esteja entre pessoas que eu não conheço, é fácil saber que há algo diferente comigo pelo tamanho que estão minhas bochechas e meus lábios. A moça do restaurante, enquanto fui fazer a higienização do nariz e boca no banheiro, foi perguntar à minha mãe se eu tinha sofrido algum acidente.

Chegamos no Claudio e ficamos esperando ele chegar. Enquanto isso, tentei falar com a minha amiga Simone e não consegui. Fui chamada até a sala e quando Claudio entrou nos comprimentamos com entusiasmo. Quantas vezes estive naquele consultório, falando sobre a cirurgia, fazendo mil perguntas, ouvindo recomendações e de repente estávamos ali, 1 semana depois da realização do procedimento.

Ele disse que a cirurgia foi um sucesso!

Disse que hoje vai prender as minhas arcadas, com elásticos e que ficarei assim por 1 semana, quando deverei encontrar o Dr. Leandro para retirada dos mesmos. Aí, na outra semana eu devo voltar à Araras para nova consulta.



Foi engraçado o Claudio falando dizendo que não devo ter medo tocar no local onde foram colocados os pinos, que não devo ter medo de pegar na minha bochecha, de apertar, de puxar, ele até deu uns tapinhas no rosto enquanto dizia: Tá vendo? Não tem nada de errado aqui, está tudo ótimo! Não precisa ter medo nenhum. Daqui pra frente é vida normal, sem receios.
Falei sobre a dificuldade para dormir, sobre o antibiótico que acabou e perguntei se já posso usar a bicicleta ergométrica. Ele disse que não devo evitar ficar na cama durante o dia, que preciso andar e me movimentar normalmente para estar cansada à noite. Disse que não precisa comprar mais antibiótico, e consequentemente, devo redobrar os cuidados com a higiene para que não tenha nenhum risco de infeccionar a região dos pontos. Sobre a bicicleta ergométrica, ele disse que ainda não devo fazer esse tipo de atividade, apenas porque essa semana terei uma dieta 100% líquida, visto que é a única coisa que vai passar pelos diversos elásticos que prendem a minha arcada (não passa nem canudo fino) e meu corpo não terá reserva de energia para gastar com essas práticas, devo apenas caminhar, por enquanto.

O Claudio reforçou a importância do exercício de mandar beijo (peixinho) para exercitar a musculatura que precisa ser recuperada. O Lê já tinha me falado isso antes da alta do hospital e eu estava fazendo os exercícios, mas eu tinha conseguido evoluir bem pouco. Quando eu fazia o exercício, sentia repuxar dos 2 lados e fiquem com medo de estourar algum ponto. No domingo de manhã, o lado esquerdo deixou de puxar e eu pensei que tinha estourado algum pontooo, aí comecei a fazer o exercício com menos força.

Mas, agora, a prioridade é diferente. Essa nova condição de estar com a boca amarrada, me força a fazer os exercícios até por uma necessidade de comunicação, porque eu estava conseguindo falar já, mas agora, com as arcadas amarradas, sem os movimentos da boca e com os lábios inchados, minha boca fica totalmente fechada, me obrigando a respirar 100% pelo nariz. Nessa hora eu lembrei de uma palestra que assisti de uma fonoaudiólogo, onde ela dizia que as pessoas não sabem respirar, que é preciso cerca de 2 meses para ensinar uma pessoa a respirar da forma correta. Com essa nova situação, eu vi como eu respirava pela boca e poderia ter feito o tratamento com a fono antes. Enfim, agora, tenho um nariz que precisa ser higienizado o tempo todo devido, inclusive para retirada de cóagulos de sangue que ainda saem. OLha a situação do ser! Me sinto muito sufocada e por isso vou fazer os exercícios com toda a força (já que o Claudio disse que os movimentos estão liberados) e vou repetí-los incansavelmente, o dia todo.

Minha meta é ter recuperado toda essa musculatura até terça-feira que vem, quando tirarei os elásticos, e poder sair falando normalmente de lá.

Quanto ao riso, ou melhor, à minha gargalhada que é alvo de preocupação, ela vai ter que esperar mais um pouco. Ainda não dá pra abrir 2 metros de boca, como costumo fazer, para rir.

Voltando da sala do Claudio, encontro minha mãe dormindo na recepção hahahahahahahahahaha
Não me aguentei! Chamei a secretária para mostrar e começamos a dar risada. Eu, toda atrapalhada ainda, tentando descobrir como é que se ri com a boca amarrada e um nariz entupido, sem morrer.

Acordei a minha mãe, ela chamou o táxi, porque eu não consigo falar nada nada nada, e eu fui tentar beber água.
Agora, não tem mais canudo. Tem que ser no copo e eu ainda não sinto os lábios, então não é tão fácil conseguir beber algo sem me molhar, olhando pra minha mãe então, é impossível!!!! Oh God, por que ela é tão palhaça!
Molhei todo o chão e não conseguia parar de rir.
Tente imaginar essa cena, uma pessoa:
- sem os movimentos do rosto, do nariz pra baixo;
- com as arcadas amarradas na posição de mordida
- boca fechada
Agora imaginem esse ser dando risada. Você olha e não tem expressão, não há nenhum sinal de alegria, nada. Aí não tem som de risada porque a boca está fechada. Concluí que estou rindo com a respiração, só me resta o ar. Depois, não quer as pessoas olhem!!! Como não achar isso curioso?

Ainda na recepção, esperando o táxi chegar, enchi a garrafa de água e a fechei. Depois eu tento beber, longe da minha mãe.
O Sr. Luis chegou e ficou assustado. Ele já tinha ficado pasmo quando me viu toda inchada, e achou um absurdo enorme essa novidade da 'boca' amarrada afgora, ele disse: Que horror! Por que ele fez isso? Eu tentei responder, mas ele não entendeu nada do que eu disse, claro! E isso o deixou ainda mais horrorizado. Eu acho tanta graça nessas coisas, a cara que ele fazia quando me olhada era impagável.
Nisso, vi que tinha ligação perdida da Simone e do Douglas, eles saíram de São Paulo hoje, de carro, rumo à Olinda-PE. Eu tinha sugerido tentarmos nos encontrar em Araras, já que era caminho deles, aí queria falar com a Simone pra saber onde ela estava. Quem disse que eu consegui me fazer entender. A Simone  não deve ter entendido nada, coitada. Desliguei e mandei uma mensagem, mas pelo o que ela tinha dito, já sabia que não conseguiríamos nos ver, uma pena!

Chegando na rodoviária, o Sr. Luis me desejou melhoras e fui comprar as passagens de volta. Para a nossa surpresa, não achei o cartão do idoso, único documento que minha mãe tinha. Consegui comprar as passagens, mesmo fazendo apenas gestos e respondendo sim ou não à moça do guichê. Ainda era 14:30hs e o próximo ônibus sai somente às 16hs.
Fui ao banheiro para higienizar o nariz e ir pensando no que faria para embarcar a minha mãe, desta vez, sem documento nenhum.

Cheguei no banheiro e o nariz estava cheio de sangue seco e eu pensei: Nossa, eu preciso parar de rir. Só tenho o nariz para respirar e se ele ficar entupido de sangue assim, com a minha gargalhada respiratória ou respiração gargalhada, vou ficar sem ar!

Terminei a higienização do nariz, voltei ao guichê e resolvi escrever um bilhete à moça que me vendeu às passagens, porque ela, assim como o Sr. Luis e a Sissa, também não entenderia se eu tentasse me comunicar falando.


A moça me direcionou para o guardar, ele também leu este bilhete, disse que eu teria que registrar um boletim de ocorrência, fez um monte de perguntas e depois: Ela sabe o número do RG de cor? Eu: Claro! (que não). Aí ele disse: Ah! Não tem problema não, é uma viagem curta. Se der problema na hora de entrar no ônibus, você pode me chamar aqui.

Ufa! Relaxada com isso, voltei e convidei a minha mãe para comer a melhor empada que já comi em toda a minha vida. É claro que desta vez eu não poderia comer, mas ela sim. Ela achou lugar longe (fica um pouco depois do restaurante Paladar, onde almoçamos, é uma lanchonete do Supermercado Delta, acho que chama Empada Brasil, tem em vários lugares), mas ela ficou preocupada com o horário de saída do ônibus e disse para deixar pra lá. Eu voltei ao banheiro para higienizar o nariz (esse cheiro de álcool com eucalipto também está me enjoando) e depois fui direto comprar as empadas, que a minha mãe adorou!

Já no ônibus, mas ainda na rodoviária de Araras, a minha mãe estava com graça de novo. Eu pedi para ela parar, várias vezes, mas nada adiantou porque ela para, mas o jeito que ela fica parada eu sei que ela está querendo rir e está louca pra fazer outra piada, só esperando o momento. Quando eu percebi, já estava fazendo dando a gargalhada respiratória de novo. Ri até cansar. Ela a minha mãe ficou preocupada uma hora, aí eu falei: Vai sentar longe de mim, vai! Quando peguei o espelho, meu nariz estava cheio de sangue seco por dentro, olha o perigo!

Seguimos viagem. Eu, que na ida tentei dormir, agora fiz questão de me manter acordada, preciso seguir a orientação do Dr. Claudio de não dormir durante o dia para estar cansada à noite.

Já em São Paulo, por volta das 19:30hs, comprei mais cotonete e algumas coisinhas para beber: gatorade, nescau pronto e bebidas à base de soja.

Hoje, decidi dormir na sala. Não quero mais ficar no quarto da minha mãe e correr o risco de acordá-la caso eu tenha insônia novamente. Conversei com o meu padrasto, que tinha me cedido o lugar dele na cama da minha mamis e trocamos de lugar.

Posicionei o travesseiro na posição que a minha prima, Fátima, havia me orientado e simplesmente desmaiei antes das 23hs.

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